Tópicos abordados - Contabilidade de hedge: minimizando o ruído nos resultados e no patrimônio da organização - Métodos de contabilidade de hedge: valor justo e fluxo de caixa
Estratégia 3 Hedge accounting
Contabilidade de hedge: minimizando o ruído nos resultados e no patrimônio da organização
Se antes as operações de financiamento eram bastante restritas aos empréstimos diretos contraídos junto a bancos, nos últimos anos as empresas brasileiras de médio porte passaram a ter maior acesso a empréstimos e captação de dívida no exterior, além de diferentes estruturas de financiamento no mercado doméstico de capitais.
Com esse maior leque de possibilidades, surgiu a necessidade das operações de hedge para cobrir a exposição a moedas estrangeiras e a diferentes referências para as taxas de juros, lançando mão de contratos futuros, swaps e opções. Na esteira desse movimento, surgiram os desafios envolvidos na contabilidade desses contratos complexos e no cumprimento das exigências regulatórias e na prestação de contas às firmas de auditoria.
Se por um lado o acesso a capital internacional e doméstico em condições vantajosas ficou mais fácil e abundante, por outro lado, a organização se vê forçada a implementar novos controles e procedimentos para aproveitar plenamente essa liquidez disponível e evitar que as operações de hedge influenciem artificialmente os resultados da empresa.
Ao realizar operações de hedge, a companhia entra em contratos de derivativos que têm liquidez no mercado e precisam ser precificados no balanço com periodicidade mensal ou trimestral, o que raramente corresponde ao vencimento da dívida que é objeto do instrumento de hedge.
Como o valor da dívida não flutua no mesmo ritmo do valor do derivativo subjacente, há um descasamento dessas quantias. Esse descasamento que afeta o reconhecimento do valor de tempo na demonstração de resultados afasta muitas companhias de instrumentos de hedge que poderiam aprimorar sua gestão de riscos. Para resolver essa questão, a organização pode utilizar métodos específicos de contabilidade de hedge, sendo que os mais utilizados são: valor justo e fluxo de caixa.
Métodos de contabilidade de hedge: valor justo e fluxo de caixa
A adesão a um sistema de contabilidade de hedge por valor justo permite à empresa dar ao derivativo o mesmo tratamento contábil da dívida que é objeto do hedge, registrando as variações no patrimônio líquido. Desta forma, a tesouraria evita que as oscilações no valor do instrumento e da dívida impactem o resultado final daquele período, o que pode atrapalhar a avaliação do desempenho da organização. A escolha de um sistema adequado de hedge accounting mostra com precisão as parcelas do balanço e do resultado da empresa que estão envolvidas em transações de hedge.
A escolha do método de contabilidade pelo valor justo é recomendável quando a empresa tem dívida com taxa fixa e espera queda dos custos de captação, de modo que lhe pareça vantajoso trocar essa dívida por outra obrigação com taxa flutuante.
Já o método de fluxo de caixa é adequado para empresas que têm dívida com taxa flutuante e preferem se proteger dessa incerteza trocando-a por uma obrigação com taxa fixa, que terá impacto previsível sobre o fluxo de caixa futuro.
No entanto, para usufruir das vantagens do hedge accounting, a organização tem de provar que o instrumento de hedge escolhido cobre adequadamente aquele risco, fornecendo documentação específica. É necessário explicitar seus objetivos e comprovar a efetividade do hedge junto às autoridades reguladoras e firmas de auditoria.
Esses testes de efetividade envolvem modelos matemáticos sofisticados, como o teste de razão dólar offset, e podem exigir a inserção de preços históricos dos derivativos em questão para a elaboração de retas de regressão econométrica. A execução desses testes é trabalhosa e requer o envolvimento de consultorias externas ou profissionais internos com conhecimento altamente especializado, além do acesso a dados históricos que nem sempre estão facilmente disponíveis ou não são confiáveis. O desafio do teste de efetividade aumenta quando a empresa tem diversos instrumentos de hedge na carteira e precisa comprovar a efetividade de cada um deles para diferentes prazos e objetivos.
A automatização da contabilidade de hedge e dos testes de efetividade agiliza o processo e permite a geração de relatórios padronizados e periódicos, no formato mais fácil para firmas de auditoria e para integração com os sistemas internos da empresa. Ao reduzir o trabalho manual da contabilidade de hedge e automatizar diversas etapas do processo, a tesouraria adota mais facilmente boas práticas de gestão da carteira de derivativos e abre caminho para que o hedge funcione como alternativa descomplicada e segura para proteger os resultados das oscilações de preços de ativos, aumentando a eficiência da gestão de riscos dentro da organização.
Como o Terminal Bloomberg pode te ajudar.