Insights sobre a LIBOR
Artigo por Silla Brush e William Shaw, Bloomberg News
O cão de guarda do mercado financeiro britânico (Financial Conduct Authority – FSA) aconselhou que as empresas tomem as medidas necessárias para evitar um cenário trágico quando o desprestigiado benchmark da LIBOR expirar ao final de 2021 e as alertou sobre os "riscos graves" que estarão sujeitas caso não o façam.
As empresas devem se comprometer a incorporar uma linguagem de fallback em seus contratos, para que possam evitar problemas na transição da LIBOR para novas taxas, afirmou Edwin Schooling Latter, diretor de mercados e política de atacado na Autoridade de Conduta Financeira (FSA, na sigla em inglês).
O plano surge como uma forma fundamental para que as empresas realizem a transição da LIBOR, que ainda sustenta centenas de trilhões de dólares em ativos financeiros em todo o mundo.
“Questionamos a plausibilidade de depender das informações obtidas junto aos corretores para oferecer taxas substitutas. Você poderia acabar com um contrato que não mais funciona”, disse Latter recentemente em um discurso, acrescentando que as empresas deverão assinar um protocolo da International Swaps and Derivatives Association nos próximos meses, o que as ajudará a mudar para as taxas sucessoras da LIBOR.
“Portanto, não assinar o protocolo soa como um enorme risco a se correr”, afirmou. “Não acreditamos que as empresas financeiras possam se dar ao luxo de assumir este risco para si próprios ou para seus clientes, ou para o sistema financeiro como um todo.”
Os reguladores começaram a eliminar progressivamente o benchmark da LIBOR após a descoberta de que bancos europeus e norte-americanos manipularam taxas para beneficiar seus próprios portfólios, com credores e empresas prestes a dar o salto nos próximos 18 meses. No entanto, estes esforços encontraram contratempos à medida que os participantes do mercado desviaram sua atenção da transição para sobreviver à crise da COVID-19.
Termos padronizados podem ajudar empresas a mudarem para taxas alternativas, como a Secured Overnight Financing Rate (SOFR) nos EUA, mesmo que não tenham elaborado planos de transição. De maneira crítica, uma convenção para todo o setor pouparia os custos com extensas negociações contratuais.
Como um todo, a linguagem de fallback não é uma solução milagrosa.
Depende da adoção de setores inteiros para funcionar, segundo Gennadiy Goldberg, estrategista sênior de taxas dos EUA na TD Securities em Nova York. Desta forma, pode ajudar com derivados compensados, mas não necessariamente com aqueles que não passam por compensação.
Mas analistas dizem que é, provavelmente, um passo na direção certa. “É uma forma de padronizar uma parte significativa do mercado e um conjunto de exposições, a fim de diminuir o nível de complexidade total”, disse Goldberg.
Segundo Latter, reguladores já podem anunciar, durante “as últimas semanas deste ano”, suas decisões sobre o que acontecerá com as várias configurações da LIBOR no final de 2021.
Descubra como a Bloomberg pode ajudar sua empresa a se preparar para gerenciar com eficiência esta mudança. Entre em contato.