Aprenda sobre os diferentes modelos de family office, como é a remuneração e como funciona o processo de sucessão.
Consiste em uma assessoria completa de gestão patrimonial, incluindo assistência de investimentos, fiscal, contábil e jurídica, bem como consultoria para planejamento dos negócios, sucessão empresarial e transferência de patrimônio - por meio de educação financeira, aprendizado de funções relativas à gestão financeira da família e mapeamento de objetivos futuros.
Ao contratar os serviços de um Family Offices (FO), a família tem total apoio para identificar novas formas de geração de receita e ampliação do patrimônio, assim como aconselhamento sobre como administrar a utilização dos recursos por seus membros. O titular dos bens tem garantida maior transparência, eficiência e agilidade na gestão dos investimentos, pois o FO prima pela proatividade, priorizando suas próprias transações e para eliminar o spread bancário, não sendo dependente das propostas convencionais das grandes instituições financeiras.
Faz parte do trabalho do FO também ajudar a definir a melhor forma de transferir os recursos aos integrantes da família, orientar sobre gestão responsável do dinheiro, consumo consciente, aplicações financeiras mais rentáveis, vantagens e riscos dos investimentos, legislações a serem obedecidas, questões tributárias, entre outros temas.
O FO procura, ainda, imbuir às próximas gerações, que herdarão a riqueza, a consciência dos desafios e responsabilidades de gerenciá-la, assim como da necessidade de evitar a interferência ou o ingresso indesejado de pessoas que não sejam descendentes. Em casos de empresas familiares, o FO pode auxiliar na abertura e gestão de holdings e na formalização de acordos.
O FO pode funcionar como um guardião dos valores que levaram à formação da riqueza e da fortuna conquistada pelas famílias.
1.1. Modelos de Family Office
Os FO são divididos, prioritariamente, em duas categorias:
1.2. Estrutura e gestão
Como toda empresa, o FO precisa ter uma estrutura organizacional bem definida, na qual esteja estabelecido o envolvimento a ser exigido dos diversos integrantes da família em sua liderança – desde sua constituição.
Nos Multi Family Offices, existem os bankers – analistas que cuidam da gestão e definem os produtos mais interessantes para aplicação dos recursos e formação da carteira patrimonial a partir da definição do perfil da família (dona do patrimônio), que pode ser conservador, moderado ou agressivo. Eles gerem os recursos de várias famílias, podendo, em alguns casos, atuar sem consulta prévia ao cliente e só reportar os resultados.
Em geral, os bankers são orientados por um profissional de wealth management (profissional com olhar mais jurídico ou escritório de advocacia) sobre como direcionar e implementar ações para que a família possa adotar as melhores práticas de governança. Além deles, há o gestor do FO, responsável por gerenciar toda a carteira de investimentos e o administrador, que em geral é um banco ou instituição financeira, responsável por fiscalizar a alocação dos recursos conforme a legislação. Os membros da família devem acompanhar os investimentos e são informados sobre as aplicações e rendimentos.
Por outro lado, a estrutura dos Single Family Offices pode ter diferentes formatos. Nas grandes famílias, ele pode ter uma estrutura similar a das Multi FO, pois fazem a própria gestão dos recursos, tendo uma pessoa física credenciada como gestora e custodiante contratados. Quando as famílias são menores, a tendência é que a FO utilize profissionais terceirizados para as diferentes funções, com designação de membros da família como responsáveis por apoiar e fiscalizar a atuação dos terceiros. Nesta modalidade, os familiares são parte do FO ou o acompanham de perto.
1.3. Remuneração
As taxas para a prestação de serviços, que podem ser fixas ou percentuais, são acordadas com a família e podem variar conforme o contrato firmado. A remuneração é calculada com base no número de horas trabalhadas dos profissionais envolvidos no processo ou, alternativamente, o pagamento consiste em um percentual que incide sobre os lucros gerados pelos valores geridos.
Nas Multi FO que atendem várias famílias, quanto maior é a liquidez da família, menor é a taxa cobrada, e vice-versa, porque recebem por performance. Nas Single FO, que atendem com exclusividade, a remuneração pode ser uma parte fixa e outra variável, podendo o gestor do FO ter ações de determinadas companhias e coinvestir (com a família) em transações e fundos específicos.
1.4. Sucessão familiar
Toda família bem-sucedida, titular de um relevante patrimônio e/ou controladora de um grupo empresarial, precisa refletir sobre a gestão de seu patrimônio a longo prazo e definir, de forma inteligente e estratégica, a forma de transferência e sucessão dos bens e direitos daí advindos. Afinal, após o árduo caminho para o acúmulo do patrimônio, é imprescindível que este seja preservado através de um bom planejamento sucessório.
No entanto, iniciar o processo de transmissão e sucessão de um patrimônio exige que o FO sensibilize o seu titular para os inevitáveis efeitos da falta de um planejamento, os quais poderão levar à ruptura nas relações familiares e/ou empresariais, desgastes com um longo processo de inventário, brigas judiciais, exposição do patrimônio ou grupo empresarial a disputas por poder e controle e, consequentemente, ao empobrecimento da família. Assim, o FO, além de contribuir para a preservação da riqueza da família, investindo em produtos financeiros alinhados ao seu perfil, deverá conscientizá-la sobre a importância da sucessão, seja quando o patrimônio for líquido, seja quando houver empresas a serem administradas.
O FO poderá, ainda, orientar o cliente a estabelecer diretrizes para educação das próximas gerações, tanto os herdeiros que pretendem ser gestores das empresas, como os que se limitarão a ser sócios/acionistas. Em relação aos primeiros, poderão ser incentivados a traçarem planos acadêmicos e profissionais que desenvolvam a sua capacidade de liderança e gestão empresarial, permitindo que todo o legado já construído por seus antecessores, seja preservado.
No planejamento sucessório, é imprescindível que o titular do patrimônio reflita, com o auxílio do FO, sobre quem serão os líderes, gestores ou simples sócios/acionistas e analise a viabilidade para realização de doações em vida de quotas/ações com reserva de usufruto e/ou elaboração de um testamento, que possibilite a partilha dos seus bens, de maneira estratégica e de acordo com as peculiaridades de sua estrutura familiar.
Como se trata de um processo estratégico, a sucessão envolve vários fatores, tanto de ordem técnica (profissionalização dos herdeiros, definição de órgãos de governança corporativa, de participação societária e/ou ingresso dos herdeiros), como sociocultural (transparência nas informações, confiança entre fundador e herdeiros, estrutura, dinâmica e lealdade familiar). O FO pode e deve contribuir em todo o processo, que inclui renovação das lideranças das empresas, definição de etapas de transição e boas práticas, entre outros pontos de atenção. Pode ainda assumir a administração de patrimônios imobiliários comuns (com ou sem Holding).
Medidas para implementar o planejamento sucessório no FO
1.5. Governança
A governança familiar se refere à gestão de interesses (pessoais ou profissionais) e a adoção de boas práticas de gestão, devendo ser baseada na identidade e na maturação da organização familiar. Seus critérios precisarão ser estabelecidos no acordo de acionistas ou quotistas, assinado pelos integrantes da família, podendo ser complementado no Estatuto Social de uma Holding ou no Regulamento dos Fundos de Investimentos.
Para iniciar o processo de governança, com o apoio do FO, a família precisará definir valores, princípios e regras de conduta, que garantam transparência, independência e precisão na prestação de contas (accountability) e nomear tutores, os quais, alocados em comitês da família, deverão ser capazes de gerenciar o processo de transição das gerações em prol da continuidade dos negócios da família.
Seu principal intuito é assegurar a coerência da gestão dos bens e o respeito às definições do processo sucessório no cotidiano dos investimentos e das empresas, assim como no relacionamento com os stakeholders (familiares, acionistas, funcionários, parceiros, fornecedores, etc). Sua efetividade depende também da eficiência da infraestrutura de Tecnologia da Informação (TI), que concentra o gerenciamento de dados – administrativos, operacionais, estratégicos e financeiros – para tomada de decisões e garante a segurança das informações coletadas, armazenadas, analisadas e compartilhadas.
Em resumo, a governança deve ser um processo vivo e constantemente adequado para atender a diferentes situações, seja para estar em conformidade com exigências tributárias, legislativas e corporativas ou para assegurar a constante modernização da família.
Aspectos da governança a serem acordados e monitorados
Não obstante, a estrutura da governança dependerá da própria dinâmica e porte da empresa familiar, sendo possível desenvolver, com o apoio do FO, conjuntos de regras e procedimentos mais simplificados e adequados ao propósito da família.
Atualmente, o processo de governança pode se apoiar em uma série de novas tecnologias para ampliar o conhecimento sobre demandas de compliance, disseminação das boas práticas, monitoramento, controle, análise de riscos/resultados e segurança da informação.