Em termos de automação no sell-side, não existe uma solução única para todas as situações.
Existe um amplo espectro de possibilidades de automação entre as classes de ativos. Os títulos padronizados e de maior liquidez (por exemplo, AAPL, sigla para as ações da Apple Inc.) são adequados para automação, ao passo que títulos de alto rendimento de um emissor de títulos privados de pequeno porte não. Assim, uma mesa do sell-side que se especialize por classe de ativos está melhor posicionada para ganhar negócios do buy-side do que uma concorrente que ofereça low-touch para todas as classes de ativos.
A própria expansão do mercado de títulos, por si só, ilustra a complexidade da sua automação, uma vez que existem enormes diferenças de protocolo e fluxo de trabalho na negociação de títulos "on the run" dos EUA em comparação com títulos hipotecários. No geral, o mercado de títulos caminha para um maior nível de automação; porém, sem um "divisor de águas", sua estrutura única o impede de chegar ao patamar de 100% de adoção deste modelo, como ocorre no mercado de ações. Apenas as instituições do sell-side mais “antenadas" saberão reconhecer onde será pertinente aplicar recursos de automação e onde não será.
Em algumas classes de ativos que, historicamente, possuem menos liquidez, tais como crédito e derivativos, a evolução do trading, se afastando do mercado de balcão e do telefone rumo à negociação eletrônica – com mais transparência, tornou a automação de processos uma necessidade em vez de um luxo.
De acordo com a International Capital Market Association, em março de 2020, 44% das gestoras de investimento haviam aumentado, ou aumentado significativamente, o uso da execução eletrônica totalmente automatizada e com base em regras para títulos privados de grau de investimento, em comparação com os três anos anteriores.
O aumento dos fundos negociados em bolsa (ETFs) – de cerca de US$ 1 trilhão há uma década para mais de US$ 4 trilhões atualmente – acelerou a adoção da negociação eletrônica e da automação no sell-side.
Os ETFs permitem que os participantes do mercado invistam em ativos de renda fixa por meio de uma estrutura semelhante à do mercado de ações. A escalada implacável nos ativos ETFs tem pressionado o sell-side a acompanhar a demanda, mas também tem gerado oportunidades de ganho de eficiência via automação. Se uma mesa do sell-side consegue executar um grande número de negociações com títulos – cada uma delas com potenciais desafios de liquidez – em uma única transação ETF, há um benefício para as margens de lucro. Isto também permite que o sell-side adapte as negociações ao apetite de risco do cliente.
Mais recentemente, a negociação de portfólio surgiu como uma forma das empresas de negociação agruparem vários títulos privados em uma única cesta, negociarem a cesta a um preço de portfólio e executarem a negociação em uma única transação eletrônica. A ascensão dos ETFs e o surgimento da negociação de portfólio têm exigido que as empresas do sell-side ofereçam formas automatizadas de seleção de títulos, considerando que há dezenas de milhares de opções disponíveis.