No sell-side, o front office não opera em um silo organizacional, mas de maneira interconectada e interdependente com o middle office e com o back office.
Sem dúvida, a automação de execução de negociações tem muito mais visibilidade para o buy-side; porém, não é apenas uma mera história contada na mesa de operações no sell-side.
Na realidade, a automação tem uma trajetória mais longa no middle office e no back office do que na mesa de operações, pois a automação de tarefas manuais "está ao alcance das mãos", sendo mais simples em comparação com as complicações e complexidades de automatizar a busca por liquidez e a precificação de transações. A pressão maior por eficiência e as exigências regulatórias estão forçando as empresas a pensarem estrategicamente e a continuarem reformulando sua arquitetura mais ampla de soluções.
A regulamentação renovou a ênfase na automação dos middle e back offices, com o objetivo principal de garantir que a empresa cumpra as regras mais recentes e rigorosas relacionadas aos relatórios comerciais. Especificamente, a MiFID II, um conjunto avassalador de regras européias que está em vigor desde janeiro de 2018, exige que cotações pré-negociação e os níveis de execução de negociação para mercados de balcão sejam informados - transações que, historicamente, não estavam sujeitas a supervisão.
Nos primeiros cinco meses após a implementação da MiFID II, a Autoridade de Conduta Financeira (FCA) observou que recebeu 3,2 bilhões de relatórios de transação, espalhados por mais de 23 entidades de comunicação de transações. Este volume deixa claro que, muito mais que uma conveniência, os processos automatizados são uma necessidade para as empresas do sell-side, e a MiFID II, como parte de um movimento global mais amplo para aumentar a transparência nos mercados financeiros, levou as empresas do buy-side a fazerem investimentos consideráveis na automação de seus middle e back offices.
Automatizar o middle e o front offices pode conectar processos, fluxos de trabalho e dados outrora isolados, bem como melhorar o processamento de operações, reduzir custos e tornar mais eficiente a gestão do risco operacional através de insights orientados por dados. Cada vez mais empresas estão buscando soluções de integração gerenciada por meio de plataformas de integração como um serviço (iPaaS), para gerir inúmeros fluxos de dados internos e externos.
Por sua natureza frequentemente monótona e repetitiva, e pelos volumes maciços de dados e informações que ficam sob sua alçada, a área de compliance é uma ótima candidata à adoção de soluções automatizadas. No entanto, a automação desta função permanece como um trabalho em progresso: de acordo com um relatório de pesquisa intersetorial realizada pela KPMG em 2018, mais da metade dos CCOs e CIOs ainda não haviam automatizado a área de compliance, mas 90% destes mesmos executivos planejavam aumentar os investimentos em automação nos próximos anos.